Projeto de Investigação da Prática de Intervenção e Performances Interativas ou, melhor dizendo, o PiPiPi. Assim é porque foi necessário criar uma definição e, então, ainda resta dizer que isso é um braço do mundialmente famoso PIU, de Pequenas Intervenções Urbanas.
Nosso objetivo é transformar o concreto em arte, a calçada em palco, acabar com a monotonia da passagem e da paisagem ou qualquer outro clichê que se aplique ao tema. Mas sempre sem clichês.
E o blog? - pergunta alguém que não sofre da inabilidade de chegar ao ponto. O blog é nossa pesquisa aberta de referências, ainda esperando o momento de se tornar ele próprio a referência.
Afinal, como diria o Martin Luther King, "É preciso dramatizar".

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Arte com lixo urbano


















Cruzei com essa obra na frente de onde trabalho. A escultura tinha a assinatura http://www.urbantrashart.blogspot.com/ e lá estão todos os trabalhos realizados por essa galera, que usa a sujeira própria das ruas de nossa cidade (cheia de entulhos e móveis velhos, além das mais tradicionais embalagens e afins) para criar suas esculturas.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Duas intervenções em SP

Feitas pelo amigo Daniel Salvetti (que nos visitou em nosso último encontro).




sábado, 6 de junho de 2009


"É preciso desconfiar das palavras"

Em Paris, está acontecendo uma mostra de arte urbana na rua. São artistas dos anos 80, década em que houve uma movimentação artística grande na cidade com a chegada de grafites americanos. Há 30 anos, Jérome Mesnager pinta corpos brancos, Mosko imprime diversos animais africanos e o Nemo coloca umas pessoas numas situações bizarras pelos muros do 20o arrondissement.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Arte, artista, eu, eu, eu...

(..) Permaneço sentado à espera de me tornar completo. Mas não me torno completo. Só piora, e é a mesma coisa quando estou em casa, quando passo andando pela casa onde moro, com os vizinhos sentados nos degraus das suas portas, bebendo café e conversando, e passo por eles vestido com o meu casaco de marinheiro e com o meu cachecol comprido jogado nos ombros como se fosse um artista. Ninguém mais usa cachecol dessa maneira, e eles gritam para mim: "Como é que vai, Persha, toma cuidado com os olhos, viu?" Pois eles sabem que leio muito, meu pai lhes contou, viram com seus próprios olhos, e acham que pode me fazer mal. E gosto tanto deles, dessas pessoas nessa casa comprida e nas outras que a cercam; conheço-as muito bem e elas realmente desejam o melhor para mim. Se importam comigo, e gostaria de poder conversar com elas sobre Tu Fu, sobre Obstfelder e sobre esse livro novo que acabo de ler chamado The Myth of Wu Tao-tzu [O Mito de Wu Tao-tzu], do sueco Sven Lindqvist. Trata de um homem que deseja submergir na arte, a qual julga perfeita e irretocável; saciar a necessidade de harmonia e beleza e ao mesmo tempo escapar do mundo por uma saída de emergência, como conseguiu fazer o sábio e artista Wu Tao-tzu quando escalou a própria pintura dentro da sua cela e desapareceu. Só que não funciona, não há como ele repetir o feito, porque as paredes do mundo estão despencando à volta desse homem, à volta de Sven Lindqvist nos anos 60, e de qualquer forma não tenho como falar desses assuntos, ainda não tenho palavras para descrevê-los, nem mesmo para mim mesmo. Então grito de volta: "Não se preocupem, meus olhos ainda aguentam um tempinho", enrubesço, aceno para eles e sigo andando, deixo a casa para trás, chego na rua e passo pelo shopping center em direção ao trem que me levará à cidade onde estão todas as livrarias e lojas de discos, e a igreja presbiteriana. Mas assim que subo a colina e minha casa some de vista, parto em dois e fico parado, ofegando, com as mãos apoiadas nos joelhos, antes de conseguir ir em frente. Não sei por que sou desse jeito, não sei se é comum, se os outros sentem a mesma coisa, ou se é algo que acontece somente comigo, mas, para ser bem honesto, é insuportável. Que o mundo não seja inteiro, que o mundo não seja completo, que talvez eu deva decidir me afastar disso tudo, que se quiser fazer alguma coisa da minha vida terei de abandonar tudo que me pertence, tudo que sei fazer e tudo que conheço; abandonar essas pessoas sentadas nos degraus da porta em frente à casa onde moro, bebendo café e conversando sobre o que elas conhecem; dar-lhes adeus para sempre. E se preciso fazer isso para poder evoluir, como se diz por aí, então que sentido faz?

De Per Petterson (na Piauí de maio)